Uma viagem pelas histórias do jornalismo português

Realizou-se na quinta-feira, no anfiteatro IV da FLUC, a palestra intitulada “Estórias sobre a História do Jornalismo em Portugal”, inserida na semana do jornalismo. Organizada e apresentada pela Doutora Isabel Nobre Vargues, que começou por afirmar não querer minimizar as Estórias nem as Histórias do jornalismo, dado que ainda existem muitos estudos a serem feitos neste âmbito.

Ainda referente à semana do jornalismo, a oradora caraterizou a iniciativa como “uma lufada de ar fresco para abrir o semestre” felicitando a organização pelo seu trabalho. No entanto, verificou-se pouca afluência por parte dos alunos pois o anfiteatro encontrou-se pouco preenchido.

Na sequência destes acontecimentos, a professora prometeu  analisar o percurso do jornalista ao longo da história do jornalismo português, especialmente entre 1820 e 1974, altura em que se verificou uma regulamentação da liberdade de imprensa. Para esta evolução histórica do jornalismo, não contribuíram apenas os jornalistas, mas também outros fatores, como instituições e memórias.

Entre várias outras curiosidades, foi dito que, antes do século XIX, os agora jornalistas tinham o nome de “Periodiqueiros” ou “Gazeteiros”, sendo na sua maioria constituídos por elementos do sexo masculino, mas a partir de meados deste mesmo século a profissão adquiriu maior prestigio e nasceu assim o conceito de Parlamento do Papel. Também foi referido que, por volta desta data, a mulher começou a aparecer no espaço público e a poder dar a sua opinião.

Importantes nomes como Trindade Coelho, Aquilino Ribeiro, José Agostinho de Macedo, Rafael Bordalo Pinheiro, Fernão Botto Machado, o Juiz Francisco Maria da Veiga ou ainda Maria Velho da Costa foram mencionados diversas vezes, de modo a referenciar as várias fases da luta pela liberdade de comunicação. Relativamente à censura, “foram muitos os autores que viram os seus livros apreendidos”. No entanto, existiam outros tipos de censura. A professora afirmou que “cada um de nós coloca um censor em cima da mesa ao escrever”, chamando a atenção para a força da auto-censura. Outra das ideias fulcrais baseou-se no facto de que “alguns autores indicam que reside na censura a causa das elites culturais portuguesas terem-se defendido ao longo do tempo, como uma “aristocracia fechada”, desligada do resto da população”.

Desta forma, foi possível compreender como se processou a árdua mudança que possibilitou o jornalismo conforme o conhecemos hoje. Livre de censuras e mais abrangente, o jornalismo atual diferencia-se do antes vigente, mostrando-se cada vez mais importante na vida de todos os cidadãos e algo indispensável na opinião pública, independentemente das divergências de pontos de vista de cada um.

Neste sentido, a sessão terminou com ideia de que “a liberdade deve continuar a ser defendida” mostrando a importância do jornalismo na sociedade como forma de defender os interesses comuns aos cidadãos.

Por Cátia Portela e Cláudia Carvalho Silva

 

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