O Empreendedorismo ao nosso lado

Ao terceiro dia, a I Semana do Jornalismo extravasou os horizontes expectáveis e ousou dar a conhecer o empreendedor que reside em cada um dos participantes. O tema revela-se o mais transversal entre os propostos. No entanto, explorando-o, podemos encontrar o empreendedorismo bem ao nosso lado, como uma opção, que poderá apontar caminhos profissionais alternativos, num tempo em que a crise é o assunto principal. As estórias e facetas de colegas nossos, na nossa cidade e na (ou da) nossa Universidade revelam isso mesmo, em iniciativas também ligadas à área da comunicação.

                                               

      “Os pequenos peixes estão a nadar ao lado

                                                                   dos grandes tubarões” (João Barros)

João Barros, aluno da UC é um dos idealizadores do projeto "Pensar fora da Caixa" (Foto: Patrícia Troca)

João Barros frequenta o curso de Estudos Artísticos, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Aos 21 anos, com mais quatro pessoas, dedica-se a uma nova edição do evento Pensar Fora da Caixa.

«Em si, o Pensar Fora da Caixa é uma discussão sobre a criatividade. Em 2010 era uma conferência, este ano nós chamámos-lhe um open concept». Em 2012, para além da conferência, a iniciativa consiste num projeto editorial, um festival com novos projetos musicais e uma exposição, denominada: “residência de produção instantânea”. Para João Barros, «a mentalidade startup é das melhores coisas que podia ter acontecido à cultura», relevando que as indústrias criativas contribuem mais para o PIB que o têxtil, a título de exemplo.

O Pensar Fora da Caixa conta com parceiros institucionais de base – «a Câmara Municipal de Coimbra, o Turismo e a Universidade» – a que se juntam parceiros privados. Assim, “o fundraising é metade do trabalho» empreendedor. A outra metade são os conteúdos.

O empreendedorismo, através das startups é uma resposta para a crise, porque envolve «pessoas que fazem parte do target a que se dirigem». O know-how e o envolvimento nas comunidades são dois pontos positivos, na opinião de João Barros, que contribuem para uma situação atual, em que «os grandes grupos estão a fazer menos pelo desenvolvimento da tecnologia em Portugal que as startups», explica.

Para o estudante, a comunicação é indissociável do empreendedorismo, por isso, importa desmitificar: «nem toda a gente pode ser empreendedor», esclarece.

O Projeto Pensar Fora da Caixa tem também como intuito valorizar a cidade e continua a crescer, mas sempre dentro de Coimbra.

                                 

  “A única solução para “trabalhar” será mesmo

fazer algo nosso” (Frederico Oliveira)

 

 A Webreakstuff [WBS] desenvolve aplicações para a web e telefones móveis (iPhone e Android). É uma empresa que presta serviços

Frederico Oliveira durante apresentação, no âmbito de um projeto organizado pelo Departamento de Engenharia da UC, em 2009. (Foto: frame de vídeo)

de consultoria nestas áreas, mas concebe igualmente produtos próprios, como são os casos do Goplan, desde 2006 – «uma ferramenta de gestão de projetos online, que qualquer pessoa ou empresa pode usar» – e o Bling, desde novembro do ano transato – «uma plataforma para shoppers».

Sem saber se o empreendedorismo é “imediatamente” uma resposta à crise, Frederico Oliveira considera que “na realidade, é uma forma de criar mais postos de trabalho”. No entanto, o empreendedorismo não está, na sua opinião, “no sangue desta geração”. Saídos da universidade, os estudantes preferem “o comodismo de um emprego certo à incerteza de fazer algo nosso”.

Segundo ele, face à crise, as pessoas fazem greve, em vez de responderem fazendo mais. “Hoje em dia, há muita conversa sobre empreendedorismo, muitos eventos sobre o mesmo, mas a realidade é que ainda há pouca ação”, critica.

Enquanto aluno de engenharia informática, Frederico Oliveira recebeu um convite de emprego na Califórnia, onde esteve a trabalhar no blog Techcrunch. Manteve os laços com Estados Unidos – “sou mentor num fundo de investimento em Mountain View, cidade que acolhe o Google” – o que lhe permitiu os contatos para desenvolver as propostas da WBS. Todos os conteúdos apresentam-se em inglês, porque «tudo o que a WBS faz é global». “Os nossos clientes nacionais são apenas a PT e o Luís de Matos”, explica.

Confrontadas com um mercado “sobrelotado”, parece incontornável a Frederico Oliveira que as gerações mais jovens vendam ideias próprias e inovadoras. Esta será “a única solução para “trabalhar”. Mas, confessa: “Temo que pouca gente esteja disposta a meter as mãos na massa e arriscar.”

O empreendedorismo já vive em alguns estudantes da Universidade de Coimbra. Pensar Fora da Caixa e Webreakstuff apresentam-se aqui como exemplos concretos de empreendedorismo jovem, levados a cabo por João Barros e Frederico Oliveira, respetivamente.

Durante a apresentação de hoje (15), Fábio Silva, aluno do 3º ano de jornalismo da FLUC, comentou que “o empreendedorismo é um conceito pouco consciente em nós”. Um conceito agora mais presente nos atuais estudantes de jornalismo, desde a sessão partilhada por Isabel Sá e Nelson Geada.

Por Patrícia Troca

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